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Foto do escritorEliene Santos

CRIANÇA - IMUNIDADE - DOENÇA

Atualizado: 28 de jan. de 2022

Por José Martinho Fraga da Rocha

Graduado em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora

Pós-graduado em Pediatria no Hospital Infantil Darcy Vargas


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Desde muito tempo escutamos a colocação de que a criança tem uma imunidade baixa, mas é preciso entender o porquê disso. Ao nascer, a criança traz em seu organismo os anticorpos que recebeu da mãe enquanto estava em seu útero durante os nove meses de gestação. Após o nascimento, ela vai utilizando estes anticorpos em suas defesas contra agressões infecciosas e, por conta desse uso, eles vão se acabando em suas reservas.


Ao mesmo tempo, cada vez que a criança adquire uma doença e recebe as suas vacinas, seu sistema imunológico vai produzindo outros anticorpos que estarão em seu organismo até o fim de seus dias. Essa produção atinge seu ponto máximo a partir do quarto ano de vida, quando recebe o seu último reforço da vacinação básica. A partir desta idade a criança vai continuar a produzir anticorpos a cada vacina que receber ou a cada infecção que adquirir, mas ela já possui uma grande carga de anticorpos, que são os seus guerreiros para combater as invasões infecciosas em seu organismo.


Por essa razão é que, nesta faixa de idade, a criança tem tanta facilidade em ser contaminada e ser acometida de infecções com maior frequência, e não por ter alguma doença que lhe cause baixa imunidade. É importante também explicar que após uma infecção a criança tem uma maior facilidade de adquirir outra infecção, pois seu organismo ainda não produziu mais anticorpos para suas defesas, o que a torna mais frágil, imunologicamente falando.


Pelos motivos que expliquei acima é que exponho o meu ponto de vista em relação a volta das aulas presenciais nas escolas para crianças pequenas. Estamos “APENAS QUERENDO“ sair do período mais grave da pandemia provocada pela Covid-19. Esse vírus é esperto e cruel, pois faz mutações com grande facilidade e a ciência ainda não tem condições de afirmar qual a duração dos anticorpos produzidos após as vacinas recebidas. Será que estarão ativos em nosso organismo para combater a proliferação dos mutantes e variantes que já ocorrem e ainda ocorrerão no futuro?


Desde abril de 2020, quando começou a pandemia e as crianças foram afastadas das escolas, o que se observou? No nosso dia a dia de atendimento pediátrico, observamos que a incidência de infecções nas crianças caíram mais de 95% com consequente redução no mesmo percentual do uso de medicamentos, principalmente os antibióticos nas infecções bacterianas. Por que isso ocorreu? A resposta é simples, faltou contaminação em razão do isolamento.


A Covid é uma doença virótica que atinge qualquer indivíduo, desde a mais tenra idade até o mais idoso. A diferença é que os mais idosos apresentam com muita frequência outras comorbidades, estão mais debilitados, o que favorece as complicações da Covid, aumentando o índice de mortalidade nesta faixa etária. Mas a criança também desenvolve a doença quando contaminada, na sua maioria sem complicações, mas estas podem ocorrer podendo levar ao óbito .


Aqui entra então o meu ponto de vista sobre a volta das crianças às aulas presenciais. Já se foram um ano e oito meses sem aulas presenciais, um ano e oito meses sem as crianças adoecerem com tanta frequência. Por que então voltar às aulas presenciais por tão pouco tempo, já que o ano escolar de 2021 já está no seu fim? Acho prudente esperar 2022, continuar evitando as aglomerações, não realizar o carnaval, proteger nossas crianças para um futuro 2022 com mais segurança.


Gostaria de terminar fazendo uma simples colocação: em tese, os adultos têm mais consciência de higiene, de não se aglomerar, se protegendo mais que a criança. Pensando assim pergunto: Porque as universidades não voltaram com as aulas presenciais neste ano, adiando-as para 2022? Peço que reflitam sobre isso.


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