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Foto do escritorEliene Santos

Os desafio do jornalismo durante a pandemia

Por Allãn Passos

Bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto

Editor e apresentador do Jornal Itatiaia Noite - Rádio Itatiaia Belo Horizonte



Diante do atual cenário que vivemos, o jornalismo tem assumido um papel fundamental | Banco de Imagens

Conceitos básicos para a prática de um bom jornalismo se tornaram ainda mais essenciais diante do maior desafio de nossos tempos. Nós, jornalistas, fomos obrigados a nos reconectar de maneira muito forte com as bases da nossa missão.


Mais que informar, a pandemia da Covid-19 exige que estejamos sempre atentos e prontos para checar, esclarecer, desmistificar e desmentir. A produção de conteúdo é gigante, como nunca antes vista. Por todos, o tempo todo. E não há mal nisso, desde que o que for produzido e divulgado não seja algo completamente desconexo com a realidade e despreocupado com a veracidade. A prática, porém, mostra esse cenário, infelizmente, cada vez mais forte.


O estrangeiro e envelopado termo “fakenews”, usado com naturalidade espantosa, nada mais é do que uma forma de renomear a mentira. Aquela, que grande ou pequena, traz prejuízo. O jornalista, não de hoje, mas especialmente agora, se vê desafiado a ser um demolidor de mentiras que pipocam em velocidade assustadora e incontrolável, em todos os lugares.


No WhatsApp, nas redes sociais e nas conversas, anônimos, famosos e políticos - dos mais diferentes alcances - difundem remédios milagrosos, estudos “reveladores” e teorias conspiratórias pelo puro prazer de confundir, ou mesmo com grande interesse de manipulação de grupos, com narrativas esdrúxulas e facilmente derrubáveis desde que haja mínimo senso crítico e desejo de apuração.



"Fazer o jornalismo na acepção da palavra atrai reações raivosas e imediatas dos fanáticos. Seja qual for o assunto, em qualquer tempo, eles estarão lá. Mas o jornalismo foi feito para incomodar. Para tirar da zona de conforto".


Mas pensar dá trabalho. Questionar também. Ir atrás de mais elementos para construir sua própria visão, a partir de opiniões diversas – inclusive adversas - nem se fala. É mais fácil consumir que construir. E quanto mais bombástico, mais um título chama atenção. Assim funciona a indústria da mentira, praticada, também, por jornalistas. Afinal, por óbvio, não somos uma classe imune à falha e a existência de profissionais ruins. Ao contrário. É por isso que os tempos atuais trazem um grande desafio àquele que quer fazer o bom jornalismo. Para quem busca o clique, os índices, a audiência acima do conteúdo, eis um prato cheio. Mas que, daqui a pouco, pode ser indigesto.


Fazer o jornalismo na acepção da palavra atrai reações raivosas e imediatas dos fanáticos. Seja qual for o assunto, em qualquer tempo, eles estarão lá. Mas o jornalismo foi feito para incomodar. Para tirar da zona de conforto. E é o convite que, humildemente, faço a você. Que tal se inconformar mais? Questionar mais? Duvidar mais? Da mensagem encaminhada no “zap”, da montagem no Facebook, do email recebido, da notícia lida. Procure uma segunda opinião, pesquise, confronte.


No meio do oceano de conteúdo que nos inunda diariamente sejamos filtro em busca do que é, de fato, informação. Para não sermos condutor da mentira, porta voz do boato ou auto falante da invenção. A busca por uma vacina contra o novo coronavirus depende dos cientistas e pesquisadores. A destruição da pandemia de desinformação depende de cada um de nós.

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